sábado, 31 de janeiro de 2015


Observamos o leme cortar o mar
Velejamos noite a dentro
Estiramos as velas
Guiamo-nos até a ponte

Navegamos em direção à terra
Atracamos em pedras gigantes e areias escuras
Dormimos pela praia
Uma bagunça infernal!

E foi lá que eu me encontrei
Agradecendo eternamente
Abrigado em uma nova casa
E foi lá onde dormimos
Enquanto a tempestade, lá fora, acalmava

 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ele mora sozinho.
Não tem amigos.
Tem dinheiro, sacos e mais sacos do mesmo.
Sabe que sempre estará sozinho.
Sabe que vai morrer sozinho.

Ele sempre soube que seria assim.
Nunca sentiu pena de si mesmo.
Não há sequer uma alma no mundo que pensaria duas vezes nele, se morresse.
Nenhuma lágrima seria derramada.

Não há ninguém que se preocupe com ele.
E ele não se recorda de jamais ter havido alguém que se preocupasse.

Ele sempre rejeitou tais pensamentos antes;
O que será que os estão trazendo à mente agora?
Será que surgiu uma espécie de arrependimento diante de sua morte iminente?

Ele nunca se apaixonou.
E, até onde ele sabe, nunca foi amado por ninguém.
Aqui e ali, ele conheceu algumas pessoas.
Algumas mais belas, desejo carnal;
Mas amor, não.
Nunca se envolveu mais do que isso.

Ele é um recluso.
No buraco negro que é sua mente,
Houve sempre uma vaga idéia de que um dia,
Ele iria encontrar a quem esteve sempre procurando.
Provavelmente iria sossegar e ter um casal de filhos.
Mas, novamente, sabia que da loucura que é manter tais idéias na cabeça.
Porque ele está destinado a ficar sozinho.
Até o fim.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Noite estrelada

A Noite Estrelada ( De Sterrennacht, 1889), Vincent Van Gogh.

Confesso que, eventualmente, como nesta noite de terça-feira, clima ameno, estrelada, sem nuvens, brisa suave, sinto-me como se quisesse estar em qualquer lugar menos onde estou, ser outra pessoa que não eu mesmo, sentir algo que não sinto, não sentir o que sinto, querer algo diferente do que normalmente quero, não querer o que normalmente acho que quero. Às vezes queria voltar a acreditar que as nuvens são de algodão.

Confesso que está escuro lá fora. Os passarinhos que construiram seus ninhos bem no alto do meu pé-de-goiaba ainda dormem. E estou com aquela velha espécie de premonição mas, infelizmente, com o torpor do sono da madrugada que vem chegando, se torna difícil me lembrar do que se trata.

Confesso que é nestas horas mais tranquilas da madrugada, quando a noite ainda não se foi e o dia ainda não chegou que sempre me encontro comigo mesmo. É nestas horas mais frias e escuras que os meus demônios interiores se acalmam, deixando espaço para o eterno adolescente que mora dentro de mim faça seus planos, sonhe, planeje os dias que tem pela frente, tomando um chocolate quente, lendo livros cheios de palavras compridas e sem figurinhas, ouvindo musicas, brincando.

Confesso que eu acredito em Destino. Não naquele Destino que dita como vai ser a minha vida, mas naquele que dá a certeza de que certas coisas DEVEM acontecer, de um jeito ou de outro, mais cedo ou mais tarde. Mas que vai acontecer, isso vai, e não tem como fugir. Quero dizer, algumas pessoas nós TEMOS que conhecer. Algumas coisas nós PRECISAMOS fazer. Decisões a serem tomadas, erros a serem cometidos, brigas a serem travadas.

O Destino não se encarrega de realizar tudo isso, ele apenas nos coloca diante de todos os mil e um caminhos que nos levarão até lá. Penso que a gente já vem encarregado de aprender alguma coisa nessa vida. Aprender ou ensinar; a gente tem que dar tempo para as situações e pessoas, pra entender o motivo de estarem ali, na nossa vida. Não é que eu seja adepto do "deixa rolar", acho que a gente tem que fazer acontecer se está afim de alguma coisa - ou não. Mas em certos momentos, a gente tem que ser mais observador. Ter paciência (e um pouco de bom senso) pra perceber e entender que "se tiver que ser, vai ser", mesmo que a gente nem queira mais, quando um dia der certo. 


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Reticências... Um ponto.



Nós nascemos... crescemos... e estamos morrendo. Entre o nascer e o morrer nós amamos e odiamos... rimos e choramos... ganhamos e perdemos... damos e recebemos... quebramos e consertamos... caímos e levantamos... conhecemos a felicidade e a tristeza... somos ora corajosos, ora medrosos... nos agarramos a oportunidades, outras deixamos escapar....

Alguns de nós têm amigos... e os conhecemos tão bem quanto pensamos conhecer a nós mesmos. Alguns de nós têm família... e é como se o próprio pai ou irmão fossem completos estranhos. De um jeito ou de outro, a verdade é que preenchemos nossas horas, minutos e segundos com VIDA... outros irão dizer que não é vida quando só há aborrecimentos, decepções, medos ou traumas. Às vezes mal conseguimos nos conter por esperar alguma coisa... outras vezes esperamos mais que devíamos e até desistimos. Ficamos ricos em alguns aspectos... pobres em outros. Ajudamos sem esperar nada em troca... e somos ajudados por quem menos imaginamos. Alguns de nós vivem até morrer... outros simplesmente morrem um pouco a cada dia.


Onde você estava há um ano? O que quero dizer com isso é... COMO você estava há um ano? Emocionalmente... fisicamente... financeiramente.

E agora? A sua vida está melhor ou pior, como você vê isso? Você tem uma vida "boa"... uma vida "ruim"... vida nenhuma?

Agora pense novamente há exato um ano atrás... e reconte os muitos dias... semanas... e meses que existiram. Imagine quanto tempo foi gasto trabalhando... fazendo compras... divertindo-se com amigos... lembre-se dos momentos de desânimo... das fortes emoções... da tristeza... da paz... dos momentos agitados e dos momentos de tranquilidade.

Pois é.. aquele ano se foi... passou e acabou... e trouxe você exatamente aqui... no AGORA. Cada sorriso... lágrima... gesto... sabor... toque... beijo... ação e reação... tudo isso combinado para trazê-lo aqui a esta página e este momento.

Mas o melhor é que esse "agora" não é um ponto final. Este agora é um outro começo que irá conduz ao nosso futuro... e enquanto isso possa parecer redundante, simplório, o-que-esse-louco-tá-falando, querendo ou não, já começa também a fazer parte do seu passado.

Com o tempo, aprendi que precisamos viver este agora com o maior afinco de que podemos dispor, porque ele é o único momento que conta para qualquer coisa. O passado é intocável, exceto em nossas lembranças... e apesar de todos os nossos planos e garantias imaginárias o futuro é ainda desconhecido.

Isso nos deixa apenas com este momento para vivermos, o que significa que devemos vivenciá-lo completamente... mesmo que esteja sendo um saco. Mas nada dura para sempre e eu sei do que estou falando, porque eu estive lá... E agora estou aqui... exatamente como você sempre esteve aqui. Sempre.

Nada vale mais na vida do que o presente, que é a maior dávida para a nossa vida. Poder estar aqui, agora, e experimentar este momento, tomar decisões a partir desta hora porque este agora, é um tempo muito curto, de fato. Mas é o começo do meu futuro e o final do meu passado, tudo em um só instante, um piscar de olhos.
  



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Escape



Numa dessas conversas bobas que tive há poucos dias com um velho amigo, falávamos de superpoderes e ele me diz que, se pudesse escolher, iria querer a habilidade de ler a mente de outras pessoas. Algumas horas depois voltei a pensar nessa conversa e, por um instante, fiquei aliviado por saber que superpoderes não existem.

Para mim, a minha mente é o mais seguro de todos os lugares. Nela não há nenhum julgamento, nenhum escrutínio, ninguém que possa ouvir meus pensamentos. Além disso, ainda que pudessem ler, ninguém seria capaz de descobrir o que eles significam, porque existem, ou de onde vieram. O que é verdadeiro, imaginário, casual e íntimo estariam juntos e sem distinção alguma uns dos outros. 

Eu iria querer, em vez disso, a habilidade de poder voar. Mais clichê que isto é impossível, mas não estou tentando ser original, apenas honesto. Eu gostaria de ser capaz de me mover com o vento, acima das nuvens.

Voar para um lugar onde eu pudesse estar sozinho e olhar para baixo. Olhar e ver este mundo tão frenético se mover ao meu redor. Ou até voar para o topo de uma árvore bem alta onde o ar é tão calmo e silencioso  que o tempo parece estar congelado. Principalmente, voar para um lugar onde ninguém pudesse me tocar. Onde ninguém possa me fazer mal ou ferir. E, se tentasse, eu apenas voaria para mais longe.

  

domingo, 17 de junho de 2012

Tarde secreta


A vida são tantas coisas. Mas especialmente hoje, enquanto eu me deitava sobre a relva macia com você do meu lado, e de longe assistíamos o pôr-do-sol, eu só conseguia pensar em uma única coisa. 

Enquanto eu nadava na água calma do córrego com nada ao redor, exceto o som do vento nas árvores e o sol baixando longe naquela tarde morna, eu só pensava em uma única coisa.

Quando o céu começou a  revelar um chumaço de nuvens escuras com tons avermelhados e os trovões anunciavam raios que estouravam e nos davam dimensão da incrível tempestade que enfrentaríamos naquele fim de tarde, eu continuava a pensar em uma única coisa.

Finalmente, quando você segurou minha mão e começamos a correr a toda velocidade na mata, com a forte tempestade atrás de nós e inevitavelmente molhando-nos com  os baldes de chuva que começava a cair, eu ainda pensava nesta única coisa: A vida é absolutamente bela.

Viver é absolutamente incrível quando nós apenas vivermos e nos permitimos sentir a energia de tudo o que está a nossa volta. Momentos como este me fazem lembrar o quão majestoso é o mundo debaixo de nossos pés e quão superior e magnífica é a Natureza que nos cerca e nos acolhe. Por momentos como este vale à pena lutar contra tudo que é mau e desagradável. Tarde mágica!  

terça-feira, 5 de junho de 2012

Eu queria



Meu maior desejo é poder íntimo de você. Não falo de intimidade sexual, quero dizer ÍNTIMO com toda a força de que duas almas humanas são capazes de ser. O mais íntimo você me pudesse permitir. Eu queria poder te observar enquanto você dorme. Eu queria ter um dia cheio e poder à noite deitar ao seu lado na cama e falar sobre o nosso dia, falar sobre nossos sonhos. Eu queria acordar de manhã e ver que você está ali.. Eu queria olhar em seus olhos e congelar esse momento ainda que por apenas alguns poucos segundos. Eu queria ser capaz de te tocar quando eu quisesse, onde eu quisesse e como eu quisesse, sabendo que você também anseia pelo meu toque. Eu queria poder te olhar e ver o que está lá dentro, sentir a dor e a alegria por trás desses olhos pequenos. Eu queria saber tudo sobre você. Eu queria te beijar de um jeito tão suave até você esquecer o mundo lá fora. Eu queria que você me visse como se eu fosse o único homem que pudesse existir para você. Eu queria viajar o mundo ao seu lado. Eu queria rir com você em vez de chorar. Eu queria me sentar ao seu lado no silêncio da tarde ao invés de temer o pior sozinho. Olhar fixamente ao invés de desviar o olhar. Eu queria caminhar de mãos dadas em vez de fugir. Eu queria te conhecer melhor do que você conhece a si mesmo. Eu queria poder saber que não poderia haver jamais qualquer outro homem que pudesse te dar o que eu te dei. Eu queria levar para longe a sua dor. E queria fazer tudo isso significar muito mais do que realmente significou.

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